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Foto do escritorCarlos Antônio Pereira da Trindade

Hardcore Raiz


Em 18/12/2021, a veterana banda ARD (After Radioactive Destruction) subiu ao palco do Rock Cerrado - Música e Ecologia com fôlego inflado. Havia dois anos de pausa nas apresentações da banda , por conta da pandemia. Apesar de público e artistas estarem loucos para detonar um som punk hardcore em alto volume, primeiro fez-se o silêncio, em lamento às vítimas da Covid-19, com um painel eletrônico no fundo do palco lembrando as 617.124 vidas ceifadas até o momento pela doença no Brasil.



Abro um parágrafo para falar em primeira pessoa, no site oficial do Festival: Não foi só a ARD que tocou, claro. O sábado teve nove atrações, das quais só perdi a primeira: Calliandra. Mais à frente, falarei um pouco sobre todas as outras sete atrações às quais assisti no primeiro dia: Jorge Recife, Azzarok, Aurora Vênus, RA II, Desonra, A Drink to Death e Underhate. Começo falando sobre a sexta atração, ARD, por causa da simbiose que o grupo tem com o Festival Rock Cerrado - Música e Ecologia.



A ARD, ao longo de décadas, tornou-se uma das bandas mais icônicas do Planalto Central e seu prestígio junto aos amantes do punk hardcore não se restringiu a estas paragens. O grupo originário do Gama-DF, acumulou vasta experiência nacional e internacional.



Afinada com o tema do Rock Cerrado - Música e Ecologia, tendo participado das primeiras edições do Festival e antes mesmo do Festival surgir, a ARD foi uma das primeiras bandas da cena candanga a alertar (com veemência em suas letras, ainda no início dos anos 1980) sobre a necessidade de preservação do Planeta. Tal engajamento foi reafirmado na noite de 18 de dezembro de 2021, na execução da música Tsunami, "um desastre agravado pelas intervenções humanas". O vocalista e baixista Gilmar Batista, 57 anos, remanescente da primeira formação da banda, empolgou a plateia da 14 edição do Rock Cerrado com a música Vou Morrer Punk e a banda (com Sávio Américo na guitarra e backing vocal e Marcus Vinícius na bateria) deu o recado contra o fascismo, "um retrocesso político, junto com o negacionismo que ajudou na propagação da Covid-19". A música Alerta Anti Fascista, feita no início da pandemia, agitou a plateia com o refrão "Alerta! Alerta anti fascista!", gritado a plenos pulmões pelos presentes.



A certa altura da apresentação da ARD, o vocalista Gilmar disse que a cena se fortalece com as bandas tocando "cara a cara" com o público, mas que ele e os companheiros de palco haviam optado por dar uma pausa total durante os últimos dois anos, respeitando radicalmente as limitações impostas pela pandemia (shows de punk hardcore tem rodas de pogo e mosh, muito suor e contato físico). Por fim, o porta voz da ARD reconheceu o esforço e a necessidade dos artistas que se mantiveram na ativa participando de lives, ou seja, fazendo shows virtuais. O próprio Rock Cerrado - Música e Ecologia, desta vez, estava sendo realizado em formato híbrido: Público presencial limitado e transmissão em tempo real, via internet.



A apresentação da ARD na 14ª edição do Rock Cerrado foi encerrada às 19:30 com muitos aplausos e gritos. O público já não sentia tanto o calor da tarde dentro do auditório do Centro de Ensino Médio 2 do Gama, fator que fazia com que parte da plateia às vezes saísse para se refrescar no pátio próximo. O cair da noite anunciava que o ambiente seria melhor ainda para as próximas bandas a tocar, com temperatura mais confortável e efeitos de luzes enriquecendo o interior do auditório. _______________________

(Nota: O texto desta postagem foi escrito por Tomaz André da Rocha e fará parte do livro Félix Não Vai Voltar. O livro tem como eixo central mudanças que a pandemia impôs às vidas das pessoas, em relação ao comportamento coletivo. No meio disso tudo, tem o Rock Cerrado - Música e Ecologia. O título do livro é por causa do preconceito e crendices da população, fatores que, estimulados pela manipulação social, dificultaram o combate ao coronavirus no Brasil e no mundo. Félix é um gato preto. No início da pandemia, havia o medo de gatos transmitirem a Covid-19 e, sendo preto, o Gato Félix poderia ter corrido riscos se escapasse para a rua na cidade, motivo pelo qual foi levado para morar longe da insanidade urbana. Mas será que, com a mudança para a roça, ele estaria a salvo?!?!. O livro junta crônicas e notícias, entrelaçadas por um romance policialesco baseado em fatos reais. As resenhas dos shows nos dias 18 e 19 de dezembro de 2021 e todas as citações sobre o Rock Cerrado - Música e Ecologia são reais. Tomaz atuou como assessor de imprensa da 14ª edição do Festival.



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